Os reservatórios das hidrelétricas, utilizados pelo Sistema Elétrico Brasileiro para armazenar água, foram planejados ao longo de várias décadas e são de extrema importância para o Brasil. Com esses reservatórios é possível acumular água durante os meses que apresentam mais incidência de chuvas e utilizar a água estocada nos períodos em que as chuvas diminuem. Dessa forma vários benefícios são alcançados, entre eles: irrigação, combate às secas, abastecimento humano e hidroeletricidade (energia elétrica obtida a partir de usinas hidrelétricas).
No caso do setor elétrico brasileiro, o acúmulo de água durante o período úmido, entre os meses de dezembro e abril, permite prolongar a operação das usinas hidroelétricas no período seco, que vai de maio a novembro. Dessa forma utilizamos, com menor intensidade, as usinas movidas a combustíveis fósseis, que são mais caras e poluentes.
Restando apenas um mês para o encerramento do atual período úmido, os reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) encerrarão o mês de março/17 próximos a 41%. Esse é o terceiro pior valor dos últimos 15 anos, atrás, somente de2014 e 2015, anos em que o País esteve próximo de um racionamento. Essa situação é reflexo das chuvas bem abaixo do esperado nas regiões onde se encontram os principais reservatórios do SE/CO e NE, desde nov/16.
Para termos uma ideia, a elevação dos reservatórios foi de apenas 9% desde o final de nov/16, quando a média dos últimos 15 anos foi de 25%.
Ainda que tenhamos o mês de abril pela frente, é muito pouco provável que esse quadro se reverta, dado que, historicamente, as chuvas de abril não são volumosas. Portanto, esse atual cenário trará reflexos para o mercado de energia elétrica, com rebatimentos para toda a sociedade.
O primeiro e mais traumático tema que se coloca, quando temos uma situação como essa, é o atendimento energético do País que, em outras palavras, significa saber se haverá ou não racionamento de energia.
Como o Brasil possui diversas fontes de geração de energia elétrica, entre elas as térmicas movidas a carvão, gás natural e óleo combustível, parte dessas usinas serão acionadas e suprirão a lacuna que será deixada pelas hidroelétricas. Além disso, a crise econômica vivida pelo País reduziu seu consumo de energia, o que ameniza ainda mais a situação. Assim, o atendimento energético do Brasil estará garantido até o final de 2017.
No entanto, o acionamento de usinas com custos de operação mais elevados resultará, inevitavelmente, em impacto nos preços da energia.
No mercado cativo essa despesa será repassada, em parte, para os consumidores através do acionamento da bandeira tarifária amarela ou vermelha. O acionamento dessas bandeiras é cobrado mensalmente via um acréscimo que pode chegar a R$ 35/MWh, a depender do nível de custo das térmicas utilizadas.
Já no mercado livre, os maiores impactados serão todos os agentes que transacionam energia no mercado de curto prazo e aqueles que estão em busca de contratos de energia para 2017 e 2018.
No mercado de curto prazo, os efeitos são percebidos via maior volatilidade e tendência de aumento no PLD. Esse comportamento do preço spot (utilizado para valorar a compra e venda de energia no mercado de curto prazo) influencia a percepção de risco dos agentes e faz com que os preços para 2017 e 2018 apresentem a mesma tendência.
Essa situação traz à tona um aspecto muito importante relacionado à participação dos consumidores no mercado livre: a definição de estratégias de contratação de energia alinhadas ao seu perfil de risco.
Para isso, a ECOM Energia possui uma equipe de Risco e Inteligência de Mercado preparada para oferecer o mais completo suporte aos Gestores de Energia para a definição de estratégias customizadas para cada cliente.
Situações como a vivida nesse ano estão cada vez mais recorrentes no setor elétrico e contar com profissionais capacitados faz toda a diferença!