Derivativos de energia e modernização do setor elétrico

Ana Luiza Almeida
  • 29/01/2021
  • 3 min de leitura

Em janeiro de 2021, iniciou-se um importante passo para o mercado de energia elétrica brasileiro. Foi inaugurada a plataforma de negociações de derivativos de energia no Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE). Assim, a iniciativa vem para fortalecer a possibilidade da separação do mercado físico de energia do mercado financeiro.

Derivativos de energia: um sinal de evolução do mercado

O instrumento de derivativos terá um papel fundamental como facilitador para o processo de modernização do setor elétrico prevista no PL 1.917/2015, PLS 232/2016, CP MME 033/2017. E mais recentemente, na MP 998/2020.

Pois, vai ao encontro de importantes temas no contexto da reforma como a separação de lastro e energia, uma das bases para a abertura do mercado. Ela permitirá que os mercados cativo e livre financiem, de forma isonômica, a expansão da oferta por meio de leilões de reserva de capacidade. O que proporcionará confiabilidade estrutural necessária ao atendimento da demanda crescente do Sistema Interligado Nacional.

Quando a regra futura de contratação de energia deixar de exigir que os contratos sejam lastreados por garantia física, a transação do produto energia vai poder se dar exclusivamente via produtos financeiros. Sendo assim, apenas a geração e o consumo físicos serão liquidados na CCEE. Deixando de haver a necessidade de negociar a energia física entre os agentes, apenas dos contratos legados.

A expectativa, nesse primeiro momento, é que os produtos semanais e mensais da plataforma tenham maior liquidez. Além disso, que sejam negociados pelas comercializadoras para a tomada de posições.

Foco na liquidez é prioridade

Com o passar do tempo, o amadurecimento dos Agentes e a entrada de novos players agentes do mercado financeiro, como bancos e fundos de investimentos, e com a formação de uma curva foward, possibilitando a marcação à mercado, os produtos trimestrais, semestrais e anuais também ganharão maior liquidez possibilitando consumidores finais, geradores e investidores “hedgear” suas futuras operações. Por isso, a depender da robustez que esse mercado de derivativos venha alcançar, poderemos ter a formação de uma clearing, com ajustes financeiros diários das posições dos players.

Arrisco-me ainda a fazer uma provocação: existirá a possibilidade de a pessoa física também operar nesse mercado? De fato, isso só o futuro dirá.

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