Geração de energia: Grupo investe em usinas no Brasil e no Chile e inicia exploração do campo Rabo Branco (SE)

A Ecom Energia está ampliando sua atuação para além da gestão e comercialização de energia no ambiente de contratação livre, onde já atua há quase 20 anos. O novo plano estratégico do grupo prevê a estreia em geração de energia renovável, com construção de parques eólicos e solares, e também em óleo e gás, com a exploração do campo Rabo Branco (SE), recém-adquirido. Estão previstos cerca de R$ 400 milhões em investimentos nessas frentes até 2025.
Para direcionar essa nova fase, a companhia contratou para a vice-presidência executiva José Maurício D’Isep, profissional com passagem por grandes empresas e que recentemente atuava como CEO do grupo Vicunha. “Além de gestores e comercializadores, vamos ser produtores de energia. A partir do momento que a companhia anda na cadeia de valor, muda muito a estrutura de capital. Venho para complementar esse trabalho e aprimorar as questões de governança, prestação de contas e transparência”, afirma D’Isep.
Fundada em 2002, a Ecom é uma das principais comercializadoras independentes de energia do país. No ano passado, sua receita líquida atingiu R$1 bilhão.
Uma das prioridades será a criação de um braço de geração de energia renovável. Nos próximos cinco anos, a holding planeja investir R$ 200 milhões em empreendimentos solares e eólicos no Brasil, com venda de energia no mercado livre. O principal modelo estudado tem sido o de autoprodução, pelo qual o cliente se torna sócio na usina.
“Nossa carteira em desenvolvimento tem um pouco de tudo. Alguns projetos mais maduros, para serem adquiridos, e outros ‘greenfield’, no início, só com mapeamento da região. Vai depender muito do tipo de projeto e do momento e
demanda dos clientes”, explica Paulo Toledo, acionista da Ecom.
O grupo já tem uma pequena experiência em geração solar no Chile, sua primeira incursão internacional. “Investimos lá para iniciar o movimento de internacionalização, em 2015. Ter geração no Chile não foi exatamente uma estratégia num primeiro momento, era mais uma condição para poder comercializar a energia, lá a figura do comercializador é diferente. Mas acabamos aprendendo e vamos trazer esse ‘know-how’ para o Brasil”, afirma Toledo.
O novo direcionamento estratégico passa ainda pela aposta no setor de óleo e gás, através do fortalecimento de sua subsidiária Petrom Oil & Gas e da comercialização de gás natural. O primeiro grande movimento da Petrom aconteceu em 2019, com a compra da fatia de 50% da Galp no campo terrestre de Rabo Branco (SE). Em maio deste ano, a empresa fechou a aquisição dos 50% remanescentes da Petrobras no ativo, pelo valor de US$ 1,5 milhão. Em 2020, a produção média do campo foi de 131 barris de petróleo por dia e 2,6 milhões de metros cúbicos de gás.
“É um campo que já está produzindo, com pouco Capex vamos conseguir dobrar a produção”, afirma D’Isep. O grupo reservou US$ 35 milhões para investir até 2025 em dez novos poços, sendo sete de produção e três exploratórios. Para monetizar o gás, estuda-se a construção de uma termelétrica. Por ora, a companhia não prevê a aquisição de novos campos.
Na visão dos executivos, a exploração de óleo continuará a ser indispensável por algum tempo. “Você pode ser uma empresa de óleo com práticas renováveis, sustentáveis e com compensações. O petróleo não vai ser substituído da noite para o dia, alguém tem fazer esse trabalho, acreditamos que podemos fazer diferente”, avalia Toledo.
Em paralelo, a Ecom também está traçando estratégias para sua comercializadora de gás. A companhia começou a prospectar clientes no Norte e no Sudeste. Além disso, já tem autorização para importação de gás da Bolívia, mas ainda não conseguiu efetivar a compra. “Queremos nos posicionar como um grande ‘player’ também nesse mercado, que deve se desenvolver cada vez mais com a nova lei e com o maior volume do gás do pré-sal”, diz o sócio do grupo.
Por Letícia Fucuchima de São Paulo
Fonte: Valor Econômico