A primeira edição do ano do Ecom Talks, com foco no Setor Elétrico: Cenário Econômico e o Mercado Livre em 2021, contou com a visão do economista Sergio Vale, da MB Associados, que apresentou as perspectivas para a economia brasileira; somada aos efeitos da pandemia, ao lado dos executivos da Ecom Energia. O evento on-line teve mediação do jornalista especializado no setor energético, Roberto Rockmann.
Márcio Sant´Anna, sócio-diretor da companhia,e Eduardo Bohn, gerente de Gestão de Consumo da Ecom Energia, falaram sobre os assuntos que vão esquentar a agenda do mercado livre de energia no período. Entre eles, a chegada do PLD Horário e dos derivativos de energia, polêmica sobre vazão de hidrelétrica, bem como discussão sobre aumento de preços de energia, entre outros. Confira alguns dos destaques desse encontro.
Especialistas da Ecom Talks afinados com as tendências de mercado
Ao resumir o cenário, Sergio Vale, da MB Associados, apontou dois movimentos antagônicos: por um lado, o país está fortalecido pelo bom desempenho do mercado de commodities, com perspectiva de crescimento forte, inclusive, ancorado pela resposta positiva da China.
Na outra ponta, citou um Brasil com uma realidade muito diferente, em que a recuperação vai ser lenta devido a uma série de dificuldades. “De fato, parece que estamos no 14° mês de 2020 e que os problemas do ano passado permanecem neste começo de 2021. Temos ainda uma pandemia gerando consequências significativas para a economia. Olhando para a nossa situação, o que tem de diferente no Brasil e, de certa forma temos que lidar com isso agora; um dos elementos que coloca muita preocupação para o período, é que houve um grande esforço positivo de política fiscal, monetária e creditícia no ano passado, para dar dinheiro para as empresas e, especialmente para a população. E assim, conseguir contornar minimamente a crise”, avalia.
Economia ainda incerta
Vale lembrar que a expectativa de queda do PIB, em abril e maio passados, girava em torno de 8%, 9%, chegando até 10%. “Eram números muitos ruins. O que aconteceu, afinal, é que a queda prevista será da ordem de 4%. Parece pouco em relação ao que se imaginava, mas é bastante razoável, sendo um reflexo de todos esses estímulos que foram feitos. Entretanto, já sentimos os reflexos do corte de consumo pela população sem o auxílio emergencial em janeiro e fevereiro, com alto impacto no varejo”, explica o economista no Ecom Talks.
Na avaliação do especialista, o país tem que lidar com pautas sensíveis que trazem incerteza para a economia brasileira, bem como a expectativa da vacinação, o retorno do auxílio emergencial e um crescimento relativamente fraco para 2021.
Os bons retornos que estão por vir
Na contramão do pessimismo, Sergio Vale aponta os segmentos que foram ganhadores em meio à crise, e vão continuar igualmente em expansão neste ano. “Trata-se das commodities, principalmente as de maior representatividade como a agricultura, metálicas e petróleo. Por conta da grande variação cambial, preços muito pressionados, China em pleno crescimento e dólar desvalorizado lá fora; isso joga recursos para o segmento em geral. Por isso, a expectativa é de os retornos continuarem expressivos”, diz o especialista.
“Há também uma parte da economia que está olhando com lupa os custos”, ressalta Vale. “Nessa fatia, a dificuldade é outra diante desse cenário puxado pela pandemia. Estamos vendo uma pressão de preços em geral desde o final do ano passado, na inflação do atacado, por conta de toda a desestruturação industrial na economia brasileira. Essa inflação está gerando uma pressão de custos para as empresas e, a consequência é segurar investimentos e moderar gastos. Fora do ambiente das commodities é preciso que se olhe com precisão para a estrutura de custos neste ano. A inflação do ano passado não volta”, afirma.
Energia é ponto estratégico para redução de custos das empresas
Para Márcio Sant´Anna, da Ecom Energia, as empresas têm que estar muito atentas às suas linhas de custo. Uma delas é a energia elétrica, que pode fazer diferença na gestão dos seus negócios em meio a um cenário muito sensível como o do momento. “Trata-se de um insumo que sempre se enquadra entre os três maiores custos de operação das empresas. O mercado livre há muito tempo deixou de ser uma opção para o dono de negócio que busca melhoria de sua competitividade. Virou uma obrigatoriedade de gestão”, alerta o executivo durante o Ecom Talks.
Márcio ressalta que a diferença nessa conquista por competividade nas empresas, dentro da matriz energética que ela opera, por exemplo, é trazer a inteligência da mesa de comercialização para que se tenha ganhos adicionais ou reduções adicionais de economia na linha de energia elétrica. “As comercializadoras deixaram de ser empresas que eram especializadas em fazer a migração de clientes do ambiente regulado para o mercado livre. Hoje, elas ainda fazem isso, mas a grande diferença entre as comercializadoras que fazem gestão de consumidores livres, é transferir sua inteligência para o ambiente da gestora”, avalia o especialista.
Primeiras impressões do PLD Horário apontam mais janelas de oportunidade para empresas no mercado livre de energia
A partir da análise de uma economia dividida, na qual um grupo cresce e não sente os efeitos da crise, e outro sofre na ponta, Eduardo Bohn, gerente de Gestão de Consumo da Ecom Energia, avalia que em operações estruturadas, apesar de olhar para as necessidades dos dois lados, é possível ver que um deles tem buscado por mais alternativas de redução de consumo. “Empresas com maior dificuldade querem ter um respiro nesse momento e isso nos motiva a ajudá-los nesse quebra-cabeça em busca por oportunidades.”
Na sequência, Eduardo reflete essa questão a partir das impressões do PLD Horário em seu primeiro mês de operação. “Por falar em operações estruturadas, não tem como não mencionar o PLD horário. Nesse primeiro mês, comparado ao que seria o DECOMP na apuração semanal, o preço com apuração horária ficou um pouco acima. Também notamos uma diferença entre submercados. O interessante do PLD Horário, falando das operações que já eram feitas, é que a gente conseguiu maximizar os ganhos. No horário temos uma granularidade maior, sendo 2.880 medições no mês contra apenas 48 medições no modelo anterior. Diante disso, temos mais janelas de oportunidades utilizando os mesmos produtos que já estávamos trabalhando anteriormente”, explica Eduardo no Ecom Talks.
Essas e outras abordagens feitas pelos especialistas você confere no último Ecom Talks. Assista agora!