Geração distribuída de energia solar permite maior controle de gastos e gera mais economia ao consumidor livre

Ecom
  • 06/08/2021
  • 7 min de leitura

Segundo estimativas da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a geração distribuída de energia solar será responsável pela maior fatia do crescimento solar fotovoltaico no ano. Durante 2021, a modalidade deve atrair R$ 17,2 bilhões em novos investimentos no Brasil e gerar mais de 118 mil empregos.

Ao todo, estão previstos mais de R$ 22,6 bilhões em investimentos privados no setor no Brasil em 2021, somando os segmentos de geração distribuída (sistemas em telhados e fachadas de edifícios) e centralizada (grandes usinas solares).

Conforme análise da entidade, benefícios da geração distribuída de energia solar somam mais de R$ 150 bilhões no período. Isso somente com a redução de custos no uso de termelétricas, uma das principais responsáveis pelo aumento tarifário na conta de luz. Além disso, as termelétricas também são as maiores emissoras de poluentes e gases de efeito estufa do setor elétrico.

A Absolar também prevê a adição de mais de 4,9 gigawatts (GW) de potência instalada, somando as usinas de grande porte e os sistemas distribuídos em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Dessa forma, o montante representa um crescimento de mais de 68% sobre a capacidade instalada atual do país, atualmente em 7,5 GW.

Mercado de energia movimenta a economia e traz boa perspectiva aos investidores

Atualmente, o Brasil possui 83% da sua matriz energética originada de fontes renováveis, contando com cerca de 170 mil MW de potência fiscalizada. Em resumo, a geração de energia sempre irá necessitar do fator gerador, seja ele energia solar, queda de água, aquecimento de gases ou qualquer outro.

Ademais, indústria, comércio e serviços demandam o crescimento progressivo geometricamente de energia, o que abre espaço para novas fontes alternativas. Nesse ínterim, energias mais eficientes estão em alta, pois são capazes de serem até 1.100 vezes mais produtivas que os atuais combustíveis fósseis! Além disso, energia de fontes mais eficientes, que podem custar 2% do valor e emitirem 0% de gases nocivos, já estão sendo entregues no mercado.

Sendo assim, a aceleração tecnológica aplicada a desenvolvimento e infraestrutura necessita cada vez mais de energia e a tendência é pensar a energia renovável como investimento para o desenvolvimento econômico.

Agenda ESG e economia impulsionam busca por GD Solar

A agenda de sustentabilidade e a busca por economia deverão impulsionar ainda mais o crescimento da geração distribuída de energia solar, apesar da incerteza regulatória atual. Quem explica esse cenário é Regis Itikawa, gerente de Gestão de Geração da Ecom Energia. O executivo também avalia a possibilidade da chegada de uma nova regulação e como os clientes e o mercado estão enxergando esse horizonte.

“Já se escuta há algum tempo que haverá um aperfeiçoamento da regulação, mas ainda não se tem clareza do que será mudado. Apesar dessa incerteza, o mercado não está desanimado. A busca pela redução de custo e pela sustentabilidade são maiores e elas acabam pautando a decisão de investimento. As empresas estão seguindo muito a política ESG, que atraem fundos de investimentos interessados em financiar esses projetos”, explica Regis.

Para Regis, esse cenário deve fazer com que, independentemente da regulação, o futuro seja promissor para a geração distribuída de energia solar. “Sem dúvida nenhuma. Economizar e trazer energia para perto do centro de carga acaba tendo um impacto menor para o bolso. Então, a geração distribuída solar é uma estratégia interessante e até o poder concedente já percebeu isso”, avalia o executivo.

Incertezas sobre nova regulação preocupam o mercado

A indústria solar prevê muitos negócios nessa década, mas a regulação é um ponto de preocupação, diz o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia. Hoje, a maioria dos negócios é impulsionado pela busca de redução dos custos com energia.

“Deve ser a época das energias renováveis, com destaque para a energia solar. Mas, para isso será preciso ter políticas públicas que estimulem o avanço do segmento. Precisamos efetivamente que o marco seja estável, previsível, com uma lei clara para quem queira utilizar essas regras, sejam os consumidores, quem deseja trabalhar nesse mercado e para quem quer investir”, avalia Rodrigo.

Subsídio à geração distribuída pode ter impacto de R$ 135 bi nas tarifas

A indústria solar defende que a nova regulação saia do papel. Porém, os consumidores estão preocupados com o que está sendo discutido na Câmara. O receio, portanto, é de que subsídios apareçam na conta.

A expansão da geração distribuída pode provocar um impacto bilionário na conta de luz nos próximos 30 anos, caso o projeto de lei 5.829/2019, em discussão na Câmara dos Deputados, seja aprovado. Em outras palavras, isso pode chegar a pelo menos R$ 135 bilhões em subsídios acumulados, trazidos a valores atuais, de acordo com a estimativa das consultorias PSR e SiglaSul. Em valores nominais, o valor chegaria a cerca de R$ 500 bilhões até 2050, sem contar os impostos.

Na avaliação de Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (ABRACE), a energia renovável é o futuro e a energia solar tem impactos positivos para o país. “A descentralização da energia traz inegáveis benefícios. Nossa dúvida, no entanto, é em relação a como chegar a isso. Essa geração distribuída amplia a sobrecontratação das distribuidoras e também volta no espiral da morte. Atualmente, mais da metade da nossa conta é taxa, imposto, encargo, ineficiência, tira renda da família e competitividade das indústrias. Geração distribuída sim, mas com benefícios distribuídos e não concentrados”, pondera.

Geração distribuída de energia solar tem futuro promissor

A discussão sobre o novo marco regulatório do setor será quente. De um lado, consumidores estão preocupados com subsídios. Por outro lado, as indústrias ligadas à energia solar defendem a nova tecnologia e querem regras estáveis.

Apesar disso, o momento atual de incertezas regulatórias não deverá reduzir o apelo da geração solar distribuída, já que ela deverá continuar brilhando nos próximos anos. Apelo sustentável, bem como redução de custos serão os principais impulsionadores da decisão. Ao mesmo tempo, bancos, grandes empresas de serviços e até pequenas empresas estão ingressando no segmento.

Qual impacto terá a nova regulação sobre o setor? O pay back dos investimentos vai diminuir? Os subsídios do setor crescerão? Vale a reflexão. Definitivamente, a energia solar será estratégica para acelerar a retomada econômica sustentável do Brasil no pós-pandemia, fortalecendo a competitividade.

Em suma, além de reduzir o custo de energia elétrica da população, a energia solar fotovoltaica aumenta a competitividade das empresas. Além disso, ela também desafoga o orçamento do poder público, beneficiando pequenos, médios e grandes consumidores do país.

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