Há uma grande discussão no que diz respeito à eficiência e assertividade na gestão ativa ou gestão passiva dos ativos de geração no mercado de energia brasileiro, por natureza, um mercado extremamente complexo e volátil. Trata-se de um setor, de fato, complexo, visto que o modelo vem sendo aprimorado, desde 2003, quando tivemos grandes mudanças regulatórias e ações “pró-mercado” implementadas, as quais impactaram todos os agentes.
As constantes mudanças tem um viés positivo, pois buscam aprimorar e definir o rumo do setor de energia. Contudo, para os investidores que desconhecem as regras e procedimentos desse setor, as mudanças geram riscos e incertezas. A questão não se limita apenas aos preços do mercado de curto prazo, extremamente voláteis, os quais sofrem variações semanais e, até mesmo, alterações após sua divulgação e aplicação. Outros fatores relevantes são as obrigações contratuais assumidas durante o processo de contratação, seja via leilão regulado ou bilateral, assim como questões regulatórias e, por que não, questões jurídicas, que são temas de embate entre os agentes de mercado.
Os empreendimentos de geração (Mercado Regulado e Mercado Livre) são pautados por diversas regras e procedimentos que, muitas vezes, são desconhecidas pelos investidores durante o processo de contratação. Tal desconhecimento gera incertezas, porém também representa uma janela de oportunidades para os agentes que buscam oferecer uma gestão diferenciada e com foco no aumento da rentabilidade dos seus clientes. Visando essa diferenciação, entramos no debate sobre as vantagens e desvantagens da gestão ativa e gestão passiva dos empreendimentos de geração.
O gestor de Geração que conduz sua estratégia de forma passiva busca replicar e atender as exigências de mercado, visando manter o desempenho do empreendimento de forma estável e sem risco. Esse trabalho pode ser feito com muito menos recursos do que a gestão ativa, na qual a estratégia é ganhar no longo prazo, mitigando os riscos e as mudanças regulatórias durante o processo, com economias que não são apostas, mas sim certezas.
Já a gestão passiva evita apostar na incerteza e acompanhar as exigências e restrições de mercado e, por isso, dispendem menos recursos para atingir seus objetivos.
O gestor que busca conduzir sua estratégia de forma ativa ou no jargão de mercado, de uma maneira mais agressiva, trabalha sob a premissa de que vale dispender mais recurso, tanto financeiro como profissional, para buscar uma rentabilidade superior ao que foi determinada no projeto inicial. Isso significa que o gestor procura as melhores alternativas, oportunidades e regras de mercado para rentabilizar o empreendimento, sempre de acordo com as políticas vigentes.
Tendo esse objetivo alinhado com seus clientes, os gestores empregam mais recursos, especialistas de mercado, áreas de riscos que trabalham intensamente em projeções, cálculos, simulações e acompanham as mudanças regulatórias, em busca de distorções de mercado que criem oportunidades de negócio.
Importante destacar que o mercado de livre energia necessita evoluir seu marco regulatório, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de um ambiente sólido, com regras claras e com oportunidades iguais para todos, não somente a um grupo restrito.
Independentemente dos desafios que o mercado ainda apresenta, o modelo de gestão ativa representa uma valiosa oportunidade para que gestores e clientes trabalhem, em conjunto, na implementação de um modelo de gestão eficiente e diferenciado.