Não se pode negar que a urgência por uma matriz energética sustentável é realidade. Esse cenário tem modificado os olhares dos consumidores de energia elétrica. Bem como impulsiona os investimentos em tecnologias para produzir energia limpa e renovável. O I-REC (International Renewable Energy Certificate), por exemplo é uma das alternativas que vem crescendo a cada ano, pois ao mesmo tempo que atende a necessidade dos consumidores, o I-REC também atrai investidores. Enquanto os consumidores demandam que seu consumo seja 100% proveniente de fonte limpa, os investidores pensam na geração de novos ativos com zero emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE).
Em 2021, o Brasil passou por uma das piores crises hídricas já vistas nos últimos anos. Como consequência, foi necessário acionar o máximo das usinas termelétricas não renováveis.
Com isso, o fator de emissão de CO2 (tCO2/MWh) do Sistema Interligado Nacional (SIN) irá aumentar consideravelmente em relação ao ano de 2020. Nesse sentido, os Certificados de Energia Renovável são uma alternativa para que os grandes consumidores de energia reduzam a emissão de seu consumo energético.
I-REC: atrativos para o mercado de energia
O que nem todo mundo sabe é que, ao comprar energia da rede, coloca-se em seu consumo o fator de emissão de CO2 do SIN por cada MWh consumido. No entanto, graças à garantia de origem que os I-RECs proporcionam, os consumidores conseguem rastrear a energia renovável. Com isso, o fator de emissão de CO2 das unidades consumidoras pode chegar a zero. E, consequentemente, zerar a pegada de carbono referentes ao Escopo 2 do Protocolo GHG.
Além disso, indústrias de bens de consumo conseguem garantir que o produto seja fabricado e comercializado com zero emissões, a partir da compra de I-RECs. Demostrando, assim, uma maior responsabilidade ambiental, o que agrega valor ao produto e o torna mais atraente para o consumidor final.

Já para os empreendimentos produtores de energia renovável que estão aptos a emitirem os certificados, a comercialização é uma forma de receita adicional. Isso porque, além da venda da energia elétrica limpa, esses empreendimentos poderão vender o seu atributo ambiental. Consequentemente, o retorno do investimento feito para a construção do ativo será maior, estimulando o investimento em usinas produtoras de energias renováveis.
Por fim, a comercialização de certificados também é atraente para as comercializadoras de energia, que poderão negociar um novo produto: o benefício ambiental da energia elétrica. Dessa forma, os I-RECs trazem novos negócios e receita para a empresa.
Mercado promissor para os próximos anos
Cresce a preocupação mundial por alternativas mais sustentáveis e que não agridam o meio ambiente. Assim como as práticas ESG (Ambiental, Social e Governança) estão cada vez mais presentes em todas as empresas. Esse cenário, portanto, torna imprescindível alguma ação com foco ambiental. Dessa forma, a tendência é que cresça também a procura por mecanismos e alternativas que estão vinculadas a esse tipo de prática.
Um outro ponto que torna o I-REC promissor é a Lei 14.120, publicada no dia 02/03/2021. Essa Lei determina que os descontos do fio, que garantiram a competitividade da produção de energia por fontes renováveis, sejam substituídos por outra regulação, que precifique os atributos ambientais dessa energia. Logo, os certificados surgem como uma alternativa para valorar esse atributo ambiental, assegurando a competitividade das fontes limpas.
Com isso, uma resposta que sustenta que a comercialização de certificados seja próspera, é o crescimento exponencial de I-RECs emitidos nos últimos anos. De cerca de 300 mil certificados emitidos em 2018, esse número saltou para cerca de 9 milhões até o presente momento.
Brasil: a potência renovável
Entre todos os países que já aderiram ao programa I-REC Standard (Sistema global de comercialização de I-RECs), o Brasil é o segundo país que mais emitiu certificados em 2020 e 2021. O País fica atrás somente da China. Foram cerca de 4 milhões em 2020 e mais que o dobro em 2021, os já mencionados 9 milhões de I-RECs.
Entretanto, o Brasil lidera no número de empreendimentos produtores de energia renovável registrados no programa. Das 143 usinas registradas em 2020, passamos para 258 em 2021.
Apesar de os números colocarem o Brasil em uma ótima posição em relação aos outros países, ainda há muito a se explorar. A potência, ou capacidade, dos empreendimentos que já aderiram ao programa de certificação totalizam 19.560 MW. Esse número corresponde a apenas 14,56% de toda potência renovável instalada no Brasil.
Portanto, pode-se notar que a comercialização de Certificados de Energia Renovável está tomando cada vez mais espaço no mercado de energia. Isso mostra seu potencial e o quanto o I-RECs contribui progressivamente para uma matriz energética limpa.
Sendo assim, o Brasil é um país com um grande potencial de crescimento para os próximos anos no que diz respeito aos I-RECs. Isso traz cada vez mais vantagens para as usinas renováveis, consumidores de energia e comercializadoras.