Nesta semana, o podcast Giro Energia traz um dos temas que mais geraram expectativa no mercado livre no início de 2021: a chegada dos derivativos de energia. Assim sendo, abriu-se a possibilidade de a comercialização de energia se tornar mais líquida e dinâmica. Isso significa ainda comprar um ‘contrato futuro’ para proteção contra variações de preço, acelerando o amadurecimento do mercado.
Na linha de frente sobre o assunto, Carlos Ratto, presidente do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE), e Márcio Sant´Anna, sócio-diretor da Ecom Energia, falaram sobre a expectativa da chegada dos derivativos de energia ao setor, sua importância, abertura de possibilidades no mercado livre de energia e visão de futuro.
No lançamento da plataforma de negociação desses ativos, em 18 de janeiro, R$ 7 milhões foram operados entre nove comercializadoras. Nesse momento, a plataforma tinha 12 cadastrados. Quase um mês depois de ir ao mercado, 42 comercializadoras tiveram o cadastro feito; bem como outras 10 se encontram em fase de cadastramento.
No decorrer dos primeiros 30 dias de operação, foram feitos 36 contratos, somando 79 MW médios, ou 52.920 megawatts-hora (MWh) de energia negociada, com um volume financeiro de R$ 12 milhões. Agora, resta saber sobre quais pilares o mercado de derivativos vai se sustentar daqui para frente, transformando o setor de energia por meio da inovação e sustentabilidade. Confira o que os especialistas disseram no podcast Giro Energia.
Quais os benefícios para o consumidor livre?
Muito aguardada, a plataforma de derivativos de energia estava em gestação desde 2018 e chega num momento em que o mercado livre mostra forte crescimento do número de agentes e se sofistica, com a entrada em vigor do PLD Horário.
Para Carlos Ratto, do BBCE, os derivativos de energia também funcionam como uma ferramenta de proteção sobre as oscilações de preço na comercialização de energia. Além disso, podem ter como contraparte qualquer agente do mercado livre, bancos ou fundos, o que traz dinamismo e liquidez ao mercado. Com isso, as vantagens vão desde o preço se tornar mais atrativo para o consumidor livre até a maior facilidade na forma de operação. “As operações que as comercializadoras fazem, e que não precisariam ser feitas no mercado físico, têm um custo menor se realizadas no mercado de derivativos, além de maior eficiência operacional. O ativo, por se tratar de uma operação financeira, se destaca por ter um processo de liquidação muito mais fácil. E, assim, entendemos que estas operações podem ser feitas apenas na plataforma de derivativos”, avalia o executivo.
A expectativa é atrair comercializadoras e novos players, como bancos e fundos de investimentos, por exemplo, de acordo com o especialista. “Com um universo ampliado de negociações, espera-se que o mercado ganhe mais liquidez. Neste momento, somente as comercializadoras estão operando. Porém, já estamos falando com bancos e fundos de investimento. Os bancos, por exemplo, têm um processo de aprovação mais complexo, mas eles já têm mostrado bastante interesse na plataforma”, conta Ratto no Giro Energia.
Chegada dos derivativos refletem a maturidade do Mercado Livre de Energia
A Ecom Energia, por exemplo, é uma das comercializadoras que estão cadastradas para operar na plataforma do BBCE. Na visão do executivo da companhia, Marcio Sant´Anna, os derivativos são um reflexo da maturidade do mercado livre. “O setor energético está se atualizando e ganhando novas opções, o que é muito positivo para o seu crescimento e evolução. Apesar de estar sujeito à volatilidade cambial, os derivativos, em sua essência, são instrumentos de proteção”, reforça o especialista no Giro Energia.
Márcio ressalta que, em breve, todo o mercado vai estar mais confortável em operar derivativos de energia. Então, eles vão ser uma opção segura, capaz de deixar a dinâmica das operações mais rápida, além de oferecer competitividade. “Agora, estamos no momento de educar o mercado sobre o que são esses ativos e o que eles significam para o crescimento do segmento, assim como fizemos com o mercado livre em 2002. Com mais conhecimento, a percepção vai ser de que eles podem ser usados para aumentar a segurança das operações e, consequentemente, o setor de energia sairá ainda mais fortalecido”, avalia o executivo.
Essas e outras abordagens feitas pelos especialistas estão no podcast Giro Energia! Ouça agora.