Segunda fonte com maior potência instalada na matriz elétrica nacional, a produção de energia eólica no Brasil é certamente uma das fontes com maior potencial de evolução e crescimento. Hoje, o país tem cerca de 19 GW de potência eólica instalada. Ficamos posicionados em 7º lugar no ranking mundial, de acordo com dados mais recentes apontados pela ABEEólica. O bom desempenho da energia eólica em termos de potência instalada está ligado, principalmente, aos ganhos de competitividade desse tipo de fonte nos últimos anos.
A história da energia eólica no Brasil
Nos anos 2000, o governo brasileiro enfrentou a falta de competitividade frente a outras fontes de energia com medidas que facilitaram sua contratação. Entre elas, o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia) e leilões de energia específicos para a contratação de energia eólica. Com isso, o salto de evolução fez com que o segmento se posicionasse, em 2013, como a segunda fonte mais competitiva do Brasil. Vimos ainda os benefícios se estenderem à energia solar, que se destacou também nos ganhos de produtividade. Nesse momento, o governo pôde extinguir subsídios às fontes de energia renovável, como foi visto por meio da Lei nº 14.120 de 2021.
Outro ponto relevante nessa história foi o desenvolvimento da cadeia produtiva local do autogerador. Isso ocorreu por meio de medidas importantes como isenções fiscais, incentivo à contratação de energia eólica, políticas de desenvolvimento tecnológico e, principalmente, a Política de Conteúdo Local (PCL) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A partir delas, pôde-se aumentar os benefícios que a geração de energia eólica seria capaz de trazer ao país. Ou seja, além de ser uma fonte limpa e competitiva, a eólica também seria eficaz para a criação de renda e emprego, por exemplo, impactando mais frentes de desenvolvimento econômico.
O avanço da energia eólica no Brasil
Esse avanço está ligado a fatores como a redução dos custos da tecnologia e as condições naturais favoráveis para geração eólica que o país apresenta. Entre 2000 e 2019, as tecnologias de geração eólica onshore e offshore tiveram uma redução de custos de, respectivamente, 39% e 29%, de acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).
Este fato, aliado à existência de ventos com características eólicas ideais de geração no Brasil (velocidade do vento constante e estável e mudança infrequente de direção), torna a energia eólica competitiva nacionalmente e no exterior, em comparação com o preço dessa fonte no mundo. Para entendermos a real potencialidade do segmento, o coeficiente de capacidade eólica médio do Brasil em 2019 foi de 42,7%. Já a média mundial no mesmo ano foi de 34%.
Energia Eólica chega a 19 GW de capacidade instalada
Dados recentes da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) mostram que o país já tem mais de 8,5 mil aerogeradores em 726 parques eólicos. A marca de 19 gigawatts (GW) de capacidade instalada já foi atingida. A eólica é a segunda fonte de geração de energia elétrica no Brasil e, em dias de recorde, já chegou a atender até 17% do país durante todo o dia.
Olhando para o futuro, a associação prevê ainda que, até 2024, considerando apenas os leilões já realizados, teremos cerca de 28 GW. De fato, números que o mercado e toda sociedade deve comemorar, de olho ainda na perspectiva de que eles podem ser ainda maiores. Isso porque não captam completamente o bom desempenho do mercado livre de energia, que vai se somando a esses valores conforme os novos contratos são fechados. E não menos importante, devemos lembrar que de 2018 a 2020 o ACL foi responsável por uma maior contratação que o ACR no caso de eólicas.
Cenário pós-Covid: retomada da economia mira as fontes renováveis de energia
O contexto da pandemia da Covid-19 impactou de forma significativa diversos segmentos, bem como a atividade econômica mundial. Os problemas socioeconômicos gerados aos países foi imenso e a dúvida seria em quanto tempo seria possível driblar tais prejuízos. Porém, graças à chegada rápida das vacinas; países, governos e instituições já vislumbram um plano de retomada mais sólido, com um planejamento à vista para combater os problemas causados pelos efeitos desse período.
Produção de energia eólica no Brasil é impulsionada pelo ESG
Uma das maiores preocupações dos agentes econômicos rondam às questões ESG. Entre elas, mais prioritariamente, a questão ambiental e o uso de fontes de energia renovável. Essa crescente preocupação das grandes empresas já reflete nos contratos de energia eólica no Brasil. Isso ocorre por meio da expansão da energia eólica no ACL e do aumento do mercado brasileiro de certificados de energias renováveis. Destaca-se, por exemplo, o Programa de Certificação de Energia Renovável “REC Brazil”. A iniciativa é abraçada pela ABEEólica, ABRAGEL, CCEE, ABRACEEL e ABiogás para fomentar o mercado de energias renováveis no Brasil.
Trata-se de um mercado promissor. Dados divulgados pelo Instituto Totum, emissor de RECs no Brasil, apontam que de janeiro a abril foram negociados 4 milhões de I-Recs no país. A mesma quantidade foi transacionada em todo o ano de 2020, por exemplo. Ou seja, trata-se de um segmento que tem crescido com muita força quando falamos em certificados de energia renovável.
Em 2020, observou-se um aumento frente a 2019 de 59% nas emissões de RECs e de 43% no número de usinas geradoras cadastradas. Ademais, o número de empresas demandantes de RECs saltou de 20 para 37 no mesmo período. Segundo a ABRAGEL (2021), a energia eólica foi responsável pela emissão de 78% dos RECs entre 2014 e 2020. Além disso, das 152 geradoras certificadas em 2020, 96 (63%) são geradoras eólicas. A expectativa para os próximos anos é que a demanda por RECs aumente no Brasil. Isso irá estimular a geração eólica no país dado sua competitividade.

Sem falar do hidrogênio verde, solução que certamente vai impulsionar a busca pelas energias renováveis. Ele utiliza eletricidade para separar as moléculas de hidrogênio e oxigênio presentes na água, tornando, o processo “fabricação” do combustível limpo e sustentável.
Eólicas rumo à expansão
Em que pese o atual cenário brasileiro, repleto de desafios como a iminência de uma crise hídrica e a retomada da economia no segundo semestre deste ano. Principalmente com uma recuperação parcial da confiança dos agentes econômicos, medidas de preservação do emprego e da renda. Bem como o prognóstico de avanço da campanha de vacinação, seguimos confiantes sobre o que é esperado para o segmento de produção de energia eólica no Brasil em 2021.
A expectativa é de uma pauta recheada. Isso inclui a regulamentação de geração offshore, ainda em discussão no Congresso Nacional. Juntamente com a aceleração na solicitação de outorgas de parques eólicos e a aprovação da lei 14.120 de 2021, antes Medida Provisória 998/2020, também conhecida como MP do Consumidor.
Por fim, a aceleração pela retomada de leilões de energia nova e a contratação normal do ambiente de contratação livre (ACL) podem ultrapassar as expectativas. Nesse sentido, o Ministério de Minas e Energia (MME) já deu as diretrizes dos leilões que participarão os empreendimentos eólicos, como o A-3 e A-4, em junho, e A-5 e A-6, previstos para setembro.
De forma geral, as expectativas são boas para a produção de energia eólica no Brasil este ano. Com esses avanços, o horizonte promissor do segmento deve impactar positivamente seu desenvolvimento no país. A direção vai para um futuro econômico mais verde, impulsionado por energias renováveis, limpas e altamente competitivas.