Para as empresas que atuam no setor elétrico brasileiro o Preço de Liquidação das Diferenças, ou PLD, é um assunto recorrente entre as conversas, negociações e reuniões. Isso porque seu valor é uma referência do preço da energia e fazer uma previsão dele não é uma tarefa fácil. Há a necessidade de se estabelecer uma série de premissas que, assim como a chuva, apresenta uma grande incerteza associada.
Mensalmente, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) faz a comparação entre os contratos e a medição de todos os agentes. Em uma indústria que contrata sua energia com antecedência de um ano, por exemplo, podem acontecer diferenças entre o valor contratado e consumido e, caso não haja nenhuma renegociação, a essas diferenças será aplicado o PLD. A mesma lógica se aplica a um gerador que vende um contrato menor do que a sua geração ou um comercializador que firma um contrato de venda maior do que sua compra. Sendo assim, o PLD é visto como um valor de última instância para a energia de cada mês.
O cálculo do PLD é uma atribuição CCEE, que o faz por meio de modelos matemáticos computacionais que simulam a operação do sistema para os próximos cinco anos, tentando encontrar a maneira mais barata entre utilizar a geração hidráulica e térmica para atender a demanda por energia elétrica.
Com a predominância de 70% de usinas hidroelétricas em nossa matriz de geração, a chuva que abastece os reservatórios significa o principal “combustível” de geração de energia elétrica do País e um dos principais fatores que influenciam no cálculo do PLD. Em Jul/17 o nível de estoque de água do Sistema Interligado Nacional (SIN) foi de 37% da capacidade máxima, o que significa o pior nível dos últimos 10 anos.
Além da chuva, a operação do sistema elétrico depende de várias considerações que são estabelecidas para os próximos anos, como a previsão de consumo de energia pelas indústrias, comércios e residências; a construção de usinas como Belo Monte e Angra III; a expansão das linhas de transmissão que fazem as interligações entre os submercados, dentre outras.
Portanto, qualquer alteração na composição dessas variáveis pelos próximos anos pode influenciar no PLD atual. Por exemplo, a Carga de Energia, que significa o consumo somado às perdas, vem se comportando abaixo do previsto desde Abr/17, por influência da atividade econômica do Brasil. Em situações como essa, as projeções de carga costumam ser ajustadas e, muitas das vezes, o impacto é significativo. A CCEE divulgou um impacto de aproximadamente R$ -36/MWh¹ no submercado Sudeste, para setembro de 2017, por conta da redução de carga que está prevista para acontecer.
Em períodos hidrológicos ruins, como o que estamos enfrentando em 2017, qualquer redução da oferta de energia de usinas existentes ou previstas para o horizonte dos próximos anos, causa impactos no PLD. Recentes alterações na oferta de geração causou um aumento na casa dos R$ 37/MWh², no PLD de Ago/17.
Em Mai/17, houve a atualização dos parâmetros de risco dos modelos matemáticos sob a justificativa de tornar os modelos com mais aversão a períodos hidrológicos ruins. Na ocasião a CCEE apurou um impacto de R$ 115/MWh³.
Os principais players do mercado estão atentos a esses tipos de alterações e, a partir do momento que são identificadas, busca-se transferir os impactos para os produtos em negociação seja no curto, médio ou longo prazo.
Contudo, o monitoramento dessas variáveis torna-se cada vez mais importante para mitigação dos riscos de PLD, ainda mais em um momento em que a diretriz governamental é de aproximar a simulação do sistema da operação real. A ECOM ENERGIA conta com uma equipe de Inteligência de Mercado que atua diretamente para antever os impactos e proporcionar um maior resultado para seu portfólio e de seus clientes.
¹ Apresentação CCEE INFO-PLD de Ago/17
² Apresentação CCEE INFO-PLD de Ago/17
³ Apresentação CCEE INFO-PLD de Mai/17