O ano de 2020 terminou como um dos mais difíceis e desafiadores da história moderna, afetando de maneira sem precedentes toda a população mundial com duras medidas de isolamento e lockdowns na busca pelo controle da pandemia causada pela Covid-19. Naquele início de 2020, quando fomos aos poucos tomando conhecimento do que estava acontecendo, nem de longe imaginávamos onde esta crise causada pela pandemia pudesse chegar, e na verdade ainda não sabemos.
Além de todo impacto causado à população mundial, tivemos também um impacto não muito menor nas economias. Assim como na população, algumas empresas passaram e ainda passam pela pandemia de forma assintomática. Outras tiveram apenas sintomas leves, algumas foram “internadas” e, infelizmente, muitos negócios morreram. Todo esse impacto nas economias e empresas trouxe também reflexos diretos para o setor elétrico, que tem sua demanda diretamente relacionada ao PIB.
O que vimos a partir de abril de 2020, quando as medidas de isolamento deram início, foi o consumo de energia no Brasil cair drasticamente. Assim como os patamares vistos nos jogos do Brasil em Copa do Mundo, quando o país literalmente “para” para assistir aos jogos da seleção. Isso impactou diretamente o preço de energia no mercado “spot” e, consequentemente, a curva futura de preços. Com o abrandamento das medidas, vimos o consumo rapidamente voltar aos patamares normais. Por outro lado, a retomada do consumo industrial, que aliado aos meses de chuvas abaixo da média no último trimestre de 2020, deixaram os preços de energia bem mais altos se comparado aos anos pré-pandemia; e com hidrologia adversa.
As perspectivas para o mercado de energia em 2021
Com o início do novo ano e um horizonte de potencial aumento de números de contaminados, o que esperar do preço da energia para 2021? Se o modelo de formação de preços já é por si só complexo e repleto de incertezas e volatilidade, principalmente nos períodos de chuvas, ainda temos uma nova variável que veio com a pandemia: novas restrições e futuros isolamentos que podem novamente “derrubar” a carga de energia e impactar diretamente o seu preço.
É fato que um enrijecimento ou flexibilização do isolamento social; ou a vacinação em massa da população irá impactar fortemente o preço da energia em 2021, prometendo ainda mais volatilidade do que já experimentamos normalmente.
Temos ainda um período chuvoso pela frente que se mostra com boas previsões. Mas longe de ser suficiente para trazer tranquilidade e recuperar de maneira consistente os reservatórios. Com isso, uma rápida retomada do crescimento econômico e o sucesso do programa de vacinação em massa podem também impactar os preços da energia, tendo em vista os níveis de reservatórios atuais.
Acompanharemos os próximos meses. Mas é fato que 2021 não será um ano simples de se avaliar o futuro do setor elétrico, em especial, a precificação de energia. Ficamos na torcida por um futuro melhor e com a possibilidade de uma vacinação dos brasileiros, assim como o controle da pandemia. Obviamente, sempre de olho no impacto ao já tão penalizado setor elétrico nacional.