As perspectivas para o setor elétrico em 2022

Ecom
  • 15/12/2021
  • 3 min de leitura

Nesse último episódio do Giro Energia, conversamos com Paulo Toledo, sócio-diretor da Ecom Energia, sobre as principais tendências do setor elétrico para o ano de 2022. Bem como as principais dificuldades a serem enfrentadas pelo setor.

Ouça a entrevista completa:

GIRO: Paulo, o ano de 2021 foi cheio de novidades, como por exemplo, o PLD Horário, os derivativos e a crise hídrica. Como estão as perspectivas e tendências para o setor elétrico em 2022?

PAULO: As chuvas aumentaram e a situação hidrológica é mais favorável.

O Sudeste, o Norte e o Nordeste estão se recuperando, mas nós precisamos ficar de olho em como ficará o fim do período úmido, durante abril de 2022, que poderá ter índice melhor do que o obtido em abril de 2021. Se isso acontecer, como o país não deve ter uma recuperação econômica, a carga de energia também não deverá crescer.

Todas essas perspectivas e variáveis mostram que nós podemos terminar o período úmido de forma mais confortável e ter um cenário de alívio no segundo semestre de 2022. Aí provavelmente teremos uma volatilidade menor nesse segundo semestre e um preço médio mais baixo. No geral, o ano de 2022 é ainda muito desafiador.

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GIRO: Como você vê a pressão de preços no mercado cativo? Continua a tendência de migração para o mercado livre?

A migração é um fato no setor elétrico, os encargos estão altíssimos, como o ESS. Todos eles estão mais elevados que o PLD, o que mostra a distorção do modelo.

Sendo assim, o encargo também está muito elevado e isso tende a continuar. A tarifa no regulado continua alta, tem inflação alta, tem dólar alto, as distribuidoras devem ter reajustes de dois dígitos, entre 10% e 20%, e tudo isso impacta diretamente a tarifa do regulado.

GIRO: Continua em alta a tendência de investimento em autoprodução, com a COP 26 e a busca por previsibilidade de custos?

PAULO: A COP 26 traz um viés ainda mais forte na agenda de sustentabilidade e a descarbonização. A crise hídrica também trouxe esse assunto sobre a mesa. Portanto, a autoprodução continua em alta.

Ela veio para ficar e cada vez mais fará sentido para as empresas terem uma parte de sua carga em autoprodução. Há uma redução clara dos encargos no setor elétrico.

Ou seja, deve-se manter esse foco nas renováveis, que antes eram só ancoradas no mercado cativo e agora serão crescentemente sustentadas por projetos no mercado livre. Os primeiros eólicos eram baseados no mercado regulado, isso tem mudado e mudará ainda mais com projetos cada vez mais ancorados na autoprodução.

GIRO: A abertura do mercado de gás natural trará novidades para o setor elétrico em 2022?

PAULO: Há ainda entraves em relação ao preço e ao livre acesso à infraestrutura.

Então acho que no curtíssimo prazo é mais desafiador vermos avanços. O preço internacional está muito alto e essa demanda está elevada, o que dificulta esse cenário. Nós estamos conversando com consumidores, mas esbarramos nessas dificuldades, principalmente, na molécula competitiva e no acesso à malha.

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