De janeiro a abril deste ano, a negociação de certificados de energia renovável bateu novo recorde no Brasil: dez milhões de papéis. Esse volume, portanto, já é maior do que o registrado em todo o ano passado.
Então, o que são I-Recs? Consumidores livres e geradores podem obtê-los? Quais são as vantagens? A abertura de um escritório no Brasil para fazer a certificação irá facilitar? Para responder a essas perguntas, entrevistamos Fernando Lopes, diretor do Instituto Totum, emissor local dos I-RECs.
Ouça a entrevista completa no podcast Giro Energia:
Em seguida, confira os highlights do episódio.
O que são I-RECs, ou certificados de energia renovável?
São documentos que servem para comprovar que a energia elétrica consumida por uma companhia é proveniente de uma fonte renovável. Dessa forma, atesta-se o compromisso da empresa em diminuir o impacto ambiental.
Além disso, o certificado simboliza o engajamento com a diminuição da emissão de gases nocivos. Ou seja, redução do impacto ambiental gerado pelo consumo de energia, chamado de emissões de Escopo 2 no Protocolo GHG.
Como está o conhecimento no mercado em relação a eles?
Fernando Lopes: Antes a gente recebia muita pergunta do que eram os certificados, hoje as dúvidas estão em como adquiri-los. Seja de empresas que consomem energia, seja de autoprodutores. Isso mostra a intenção de elas certificarem a origem da energia usada em seus processos.
O mercado livre tem tido migração de empresas menores. Isso tem trazido alguma mudança?
A sofisticação do mercado livre de energia tem feito as comercializadoras venderem pacotes de soluções às empresas. O que inclui, por exemplo, os certificados de energia renovável.
Nesse sentido, esse é um movimento novo e que deve crescer. Então, como está a busca pelos certificados de energia renovável? Continua liderada pelas multinacionais que têm de prestar informações sobre suas emissões?
Fernando Lopes: Sim, com empresas que estão em índices internacionais de sustentabilidade, por exemplo o Dow Jones. Além de empresas que estão na iniciativa de protocolo internacional de emissões. Mas começamos a ver grandes empresas brasileiras que estão começando a comercializar.
Além disso, na Europa, no próximo ano, deve começar a ser aplicada uma taxação sobre pegada de carbono em alguns setores que exportam para lá. Alumínio e aço são dois segmentos em que o Brasil tem negócios com a Europa. Nesse sentido, ter certificado reduz a pegada e é uma forma de reduzir a taxação.
GD solar também começa a se interessar pelos certificados de energia renovável?
Fernando Lopes: Essa é outra novidade. Firmamos uma recente parceria com a Associação Brasileira da Geração Distribuída. O segmento já chegou a 10 GW de capacidade e uma parcela ínfima tem certificados. Eles estão trabalhando para que isso aumente.
Certificação de Hidrogênio verde é outra frente de trabalho do Instituto Totum?
Fernando Lopes: Sim, está havendo uma discussão internacional sobre isso e como poderá ser feita. Além disso, outra questão que tem avanço são os RECs horários. Já estamos capturando os dados em base horária e estaremos prontos para oferecer esse produto no fim do ano.
Agora vocês estão com escritório no Brasil?
Fernando Lopes: Sim, e a emissão de certificados aqui já está operacional desde março. Isso facilitou o processo, tornou mais barato e mais previsível. Isso está em linha com nossa estratégia de crescer. Acreditamos que até o fim do ano 90% das empresas já estejam trabalhando com o nosso contrato aqui no Brasil.
Como está a emissão de certificados de energia renovável nesse ano? Mais recorde?
Fernando Lopes: Sim, de janeiro a abril, chegamos a dez milhões. Em todo o ano passado, foram 9,2 milhões. Então, acreditamos que iremos chegar a 20 milhões nesse ano. O Brasil é o segundo mercado do mundo, atrás apenas da China.