Qual a importância dos créditos de carbono? Um mercado mundial deverá ser criado em breve? A União Europeia deverá começar a taxação de setores poluentes? Por que as empresas estão investindo em energia solar?
Para responder a essas perguntas, conversamos com Ana Toni, senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), e Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar. Ouça o que cada um tem a dizer:
O mercado de créditos de carbono
Apesar de já existir há algum tempo, nunca se criou um mercado global de créditos de carbono. No entanto, durante a COP26, que aconteceu no ano passado, houve avanço em prol do destravamento do mercado.
De acordo com Ana Toni, para precificar o carbono são utilizados diversos instrumentos econômicos. Além do mercado de carbono, também podem-se empregar taxações, barreiras comerciais, baixos investimentos para produção, entre outros.
“Aqui no Brasil, a gente está olhando para o mercado de carbono como se fosse o único [instrumento econômico]. Eu acho que o que falta é um plano de descarbonização no Brasil”, afirma a entrevistada.
O tema da vez, de acordo com Toni, é a existência de barreiras comerciais crescentes para produtos com pegadas de carbono mais altas. Nesse sentido, o Brasil pode se beneficiar.
Por exemplo, por ter energia mais renovável, o aço brasileiro tem pegada de carbono mais baixa do que o da China. Então, com a matriz energética mais limpa, quase todos os produtos brasileiros têm pegada de carbono menos intensiva do que outros países.
Além disso, o Brasil tem uma capacidade imensa de reflorestamento. Portanto, o país pode se beneficiar disso tanto com a venda de créditos como com redução da pegada de carbono dos produtos industriais do país.
“A teoria econômica sempre foi baseada no crescimento econômico. E pela primeira vez, os modelos econômicos precisam responder à ciência climática. Não é só fazer lucro, mas é fazer lucro que respeite a pegada de carbono.
Então, pela primeira vez, os modelos econômicos têm que ter como prioridade a descarbonização”, finaliza Ana.
O crescimento do mercado de energia solar com o ESG
De acordo com Sauaia, hoje, o principal fator que faz o consumidor buscar a energia solar fotovoltaica para uso próprio é a redução de custos com energia elétrica.
Seja na sua residência, comércio, indústria, propriedade rural ou prédio público. Um outro fator muito importante é a questão ambiental. Nesse sentido, a percepção dos consumidores é a de poder contribuir com a preservação do meio ambiente.
Afinal, o sol é um recurso abundante e amplamente disponível. Portanto, a energia solar é uma produção limpa, renovável e sustentável.
Além disso, existe também o interesse das grandes corporações de buscar a fonte solar como parte dos seus requisitos de ESG. Os investidores também têm facilitado acesso a recursos ou financiamento de projetos a empresas e empreendedores que têm requisitos ESG embutidos.
O presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica também nos contou as novidades trazidas do maior evento de energia solar da Europa. Confira a entrevista completa.