Você sabe o que é agenda ESG? Neste episódio do Giro Energia, convidamos o consultor da PSR, Mariano Berkenwald, para conversar sobre as diretrizes e cronograma da agenda. Então, ouça a entrevista completa:
Em seguida, confira alguns destaques do podcast.
O que é agenda ESG? Ela tem uma data de início?
Uma das primeiras ocasiões em que a gente começou a escutar essa agenda foi em 1992, quando o Brasil sediou a conferência das Nações Unidas chamada de ECO-92. Da mesma forma, nos últimos anos, respondendo às expectativas dos consumidores e da evolução regulatória, se ouve mais sobre o ESG.
Essas práticas, que se referem ao meio ambiente, social e à governança, são uma forma de avaliar o impacto das empresas além do econômico.
De acordo com Berkenwald, 2015 foi um marco para o tema, devido ao Acordo de Paris, em que mais de 190 países se comprometeram a reduzir suas emissões de poluentes. Além disso, o ESG foi reforçado com a COP26, agora em 2021, afirma o executivo.
“A transição energética e a mudança climática fazem as empresas perceberem que essa agenda não está ligada apenas ao setor público, mas elas também precisam estar inseridas nesse comprometimento, que é essencial nesse desafio.”
A agenda ESG no cenário internacional
MARIANO: Na Europa, ESG é a sigla do momento. Moro em Paris e, quando se abre o Linkedin, se vê que há muitas vagas para quem quer trabalhar com dados em ESG. As empresas estão buscando ter equipes para coletar informações sobre a agenda. Há um movimento de empresas aqui buscando quantificar dados e informações que, até pouco tempo atrás, eram medidos de forma qualitativa.
Portanto, começar com os dados mostra como essa conversa está ficando importante e isso segue o que ocorreu em outros setores. Muitas décadas atrás era difícil comparar instituições financeiras de países diferentes porque não havia uma padronização das informações. Não havia uma metodologia única. Agora essa discussão começa a ocorrer com o ESG.
De acordo com Berkenwald, na Europa, além do interesse dos consumidores, há um outro apelo para as empresas: é iminente o lançamento de uma diretriz sobre o tema pela Comissão Europeia.
“Há indicações de que se está buscando um padrão de reporte dos dados sobre o tema de sustentabilidade corporativa. Essa discussão está sendo feita agora e isso vai obrigar as empresas que operam na União Europeia fazer a divulgação periódica de dados, que vão além de emissão de poluentes globais. Será uma divulgação ampla e isso será diferente nos Estados Unidos, que também discute o tema. Poucos dias atrás, nos Estados Unidos, o órgão que regula o mercado acionário discute isso. Há uma concorrência aberta entre EUA e Europa sobre quem vai liderar esse processo”, afirma o executivo.
O “E” brilha mais do que o “SG”
GIRO: No Brasil, a parte ambiental tem se destacado, mas como você disse desde o início ESG é também a parte social e de governança. Como é na Europa?
MARIANO: Na Europa, a preocupação ambiental também é a mais falada e a mais praticada. A questão das mudanças climáticas e sua urgência ganharam uma dimensão [maior] em relação às outras.
No social, se discute o impacto que os investimentos podem ter sobre emprego, a relação entre os salários de homens e mulheres, as condições de trabalho, se a remuneração dos executivos está ligada à redução de emissões. Em governança, a área menos desenvolvida das três, a transparência é um elemento essencial.
GIRO: Essa jornada, Mariano, é longa? Onde o empresário deve começá-la?
MARIANO: O principal recado é não esperar para agir. Como se pode ver é uma jornada longa e contínua. Há muitas incertezas sobre o que será reconhecido pelos governos e consumidores. No entanto, em matéria de emissões, as coisas estão mais claras. Tem de agir com integridade tentando reduzir, de fato, as emissões e não usar contabilidade criativa. Por fim, o segundo recado é começar pelos dados, eles são muito importantes.