Derivativos de energia ganham mais força no mercado

Ecom
  • 17/11/2021
  • 4 min de leitura

A plataforma de derivativos do BBCE estava em gestação desde 2018, sendo muito aguarda pelo mercado. Agora, ela chega em um momento em que o Mercado Livre de Energia está crescendo e se sofisticando, com a entrada do PLD Horário no início do ano. 

Mas esses avanços do setor também coincidiram com a crise hídrica. 

Ainda assim, cerca de 80 empresas já estão cadastradas para negociar na plataforma. Para entender melhor esse cenário, entrevistamos Carlos Ratto, presidente da BBCE, que foi o responsável por criar a plataforma para negociar esses papéis. 

Veja o que ele tem a dizer:

Como estão as negociações, a crise hídrica teve impacto?

RATTO: As negociações estão ocorrendo normalmente.

As negociações estão ocorrendo normalmente. 

Já temos dois Teras negociados na plataforma. No entanto, é claro que a crise hídrica teve impacto não apenas nos derivativos, mas em todo o Mercado de Energia, então de junho a setembro tivemos uma redução de contratos.  Era uma coisa inesperada, mas o produto está sendo reconhecido. Já temos quase 80 empresas cadastradas.

A maioria é de comercializadoras? Bancos já começaram a ingressar com mais força?

RATTO: A maioria das empresas é comercializadora, mas já temos bancos cadastrados.

Aliás, já temos três bancos cadastrados e estamos vendo que eles estão começando a lançar produtos para investidores. Nós vimos um desses produtos sendo lançado no mês passado. Então, esse movimento deve ganhar ainda mais força e espaço de instituições financeiras, inclusive no que diz respeito aos fundos de investimento.

Há muito espaço para os derivativos?

RATTO:  Hoje, boa parte das negociações ainda são feitas via telefone.

No entanto, também há uma pequena parte feita em tela, a qual está aumentando cada vez mais junto com o crescimento do mercado. 

Por isso, se diz que este é um mercado de balcão. Mesmo que sendo uma pequena parte em tela, ainda é um mercado bilateral, ou seja, ainda é necessário ter um limite de crédito com a contraparte que se deseja operar e vice-versa.  Com o lançamento dos derivativos, o mercado de balcão tende a dar um primeiro passo rumo a sua sofisticação. 

O tamanho de consumo de energia no Mercado Livre é muito grande, cerca de 80 mil a 100 mil megawatts metro. Há muito mais negócio do que consumo, por isso, o derivativo tende a ser um facilitador nesses processos.

O que muda com esses derivativos?

RATTO: Ele é um produto adequado para quem quer negociar preço e não precisa da entrega da mercadoria de energia. Ou seja, ele está negociando uma opção. E quem são os agentes que podem se beneficiar desses contratos?

Vou citar dois cenários: primeiro o de quem faz o hedge, ou seja, aquele agente que quer proteção; ele sabe que o preço da energia é volátil e pode oscilar, por exemplo, por fatores climáticos. Ele terá essa opção.

Outros agentes que podem se beneficiar são aqueles que querem se posicionar no ativo de energia. O que isso quer dizer? Imagine, por exemplo, que uma comercializadora, um fundo de investimento ou um banco que vê a oportunidade de comprar barato em um momento para vender em um outro momento em que o preço esteja mais alto. O setor financeiro começa a enxergar essa opção. A liquidez deve ser crescente.

No mercado de dólar, a negociação de moeda tem mais liquidez no futuro.

Quanto mais liquidez, melhor formação de preços, a curva de referência, um tema bastante debatido no mercado.

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