O ano de 2022 veio acompanhado de chuvas que estão ajudando a recompor os reservatórios. Portanto, a “ajuda de São Pedro” tem derrubado os preços e trazido mais tranquilidade para as cotações nesse ano e também no próximo. Nesse sentido, esse pode ser um bom momento para quem está descontratado. Mas, quais são, de fato, as novidades e previsões do Mercado Livre de Energia para 2022?
Neste episódio do Giro Energia, conversamos com o sócio-diretor da Ecom Energia, Paulo Toledo. O especialista nos trouxe uma análise sobre a previsão do tempo, os impactos nos preços, bem como dicas sobre contratação de energia elétrica de acordo com esse cenário. Ouça e saiba mais.
GIRO ENERGIA: A gente conversou a última vez em dezembro, quando as perspectivas de chuvas eram positivas.
Agora, estamos no início de fevereiro, dois meses chuvosos de verão, reservatórios perto de 50%. Os preços e as previsões do Mercado Livre de Energia estão menos estressados, né?
PAULO: As previsões do fim de ano se concretizaram. Ou seja, os meses de chuva vieram e os reservatórios começaram a ser recompostos. Além disso, as previsões para o Mercado Livre são de que em fevereiro e março as chuvas continuem.
Ademais, tudo indica que não haverá nada que possa mudar esse cenário. Então, acreditamos que o período úmido será bem positivo. Isso muda o cenário: 2022 passa a ter preço mais confortável.
Nesse sentido, devemos ter uma curva de preços mais baixa para esse ano, a demanda também deve estar ainda baixa com a economia fraca, crescimento perto de zero. Teremos um ano mais tranquilo para o setor de energia elétrica como um todo.
GIRO ENERGIA: E quais são as recomendações para os clientes nesse cenário?
PAULO: Em dezembro, quando conversamos, a faixa do preço estava em R$ 250 o MWh.
Porém, esse preço deve cair. Logo, quem precisa contratar energia neste ano deve começar a fazer isso agora, aproveitando o período úmido. O preço para 2023 também já começou a cair, mesmo com incertezas como o cálculo de formação de preço.
Quem está buscando energia em 2023 e 2024 pode também contratar uma parcela agora e depois olhar outras parcelas mais para a frente.
A ideia é fazer como uma carteira de investimento, você vai montar aos poucos, distribuindo o risco ao longo de um período maior. As previsões para o Mercado Livre de Energia são cada vez mais positivas.
GIRO ENERGIA: Além das chuvas que voltaram, uma novidade foi o marco da GD solar, a lei 14.300. Como os especialistas enxergam isso?
PAULO: Não estamos descartando entrar em alguns projetos neste ano, mas a GD solar deve ter um crescimento grande principalmente na baixa tensão. Então, deveremos ter uma corrida de projetos neste ano para ainda aproveitar os benefícios da regulamentação.
Esse cenário tem um potencial grande de crescimento, focado em baixa tensão. Na média tensão também tem, mas no futuro será focado em clientes de baixa tensão.
GIRO ENERGIA: A abertura do mercado de gás natural trará novidades em 2022?
A gente viu em janeiro alguns contratos sendo firmados entre transportadores e produtores e a ANP lançou no fim de dezembro as tarifas de transporte.
PAULO: Há ainda entraves em relação ao preço e ao livre acesso ao gás natural. Então, acho que no curtíssimo prazo é mais desafiador vermos avanços. O preço internacional está muito alto e essa demanda está elevada, o que dificulta esse cenário. Estamos conversando com consumidores, mas esbarramos nessas dificuldades: molécula competitiva e acesso à malha.
GIRO ENERGIA: Outro assunto quente nesse ano é a discussão de abertura total do mercado.
A Aneel lançou no último dia de janeiro um documento sobre o assunto, a CCEE também divulgou. O Ministério da Economia deve lançar até abril. Dois projetos de lei estão em discussão. Há otimismo?
PAULO: Sim, há bastante otimismo e as previsões para o Mercado Livre de Energia são positivas.
Antes, esse assunto era levantado como bandeira apenas pelos comercializadores, mas agora começou a ganhar adesões e importância em vários segmentos. Então, vejo com otimismo avanços nessa discussão.