Nesta semana, o primeiro episódio do podcast Giro Energia do ano abordou alguns dos temas que prometem esquentar o mercado livre de energia em 2021. Entre as novidades para o setor energético no período, temos: PLD Horário, lançamento da plataforma de derivativos de energia, aumento de geração térmica, pressão de preços no ambiente regulado, aprovação da MP 998, entre outros assuntos.
Portanto, para falar sobre esses temas, entrevistamos Paulo Toledo, sócio-diretor da Ecom Energia, e Luiz Barroso, CEO da PSR, uma das mais respeitadas consultorias do mercado de energia. Confira o que cada um deles têm a dizer.
Com mais de um mês de operação, o PLD Horário tem mostrado algumas mudanças no sistema de precificação. Quais são elas? Essa novidade no mecanismo de formação de preço coincide com o noticiário recheado de abordagens que apontam pressões crescentes sobre a tarifa no mercado regulado.
O que dizem os especialistas?
Paulo Toledo, da Ecom Energia, avalia que apesar do ambiente fora do comum causado pela pandemia, as novidades continuam movimentando o mercado livre de energia. Mas não só com a chegada do PLD Horário como também com o lançamento dos derivativos de energia. “Ainda é cedo para uma análise mais profunda de como está sendo a operação, mas identificamos alguns pontos, alinhados com a expectativa do mercado. O PLD horário veio com o objetivo de aproximar os valores de Custo Marginal da Operação aos da operação real. Com isso, notamos uma sensível melhora nas projeções dado uma modelagem mais detalhada. Tal melhora, principalmente da geração eólica e carga discretizadas e com atualizações de tempos em tempos; o que tem refletido numa melhor projeção de preços na hora a hora. Isso pode trazer uma cultura mais competitiva com relação aos horários de consumo da carga e de um melhor ajuste dos preços em cenários com grande variação durante a semana operativa, por exemplo”, avalia no Giro Energia.
E o executivo acrescenta: “No entanto, vale ressaltar que apesar de termos dado um passo no detalhamento das informações do sistema, portanto precisamos evoluir mais nessa representatividade já que estamos num ano com muitos desafios, dado o baixo volume dos reservatórios do SE e necessitando ainda de um despacho fora da ordem de mérito”. Paulo também avalia a necessidade de uma melhor calibração de contrato. “Não sentimos tanta mudança de preço, mas um descasamento de submercado, justamente por capturar essa similaridade com a operação do sistema”, explica.
Derivativos da BBCE movimentou o setor elétrico em janeiro
De acordo com Paulo Toledo, a chegada da emissão dos derivativos de energia pelo Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE) é visto como uma grande evolução e conquista para o mercado livre de energia. “Sem dúvida, vai trazer benefícios para o setor. Esse é o início de um novo produto e a gente sabe que a liquidez aos poucos vai ganhar volume. Acredito que no curto prazo, mais players vão se sentir à vontade para operar o modelo”.
Crescimento do Mercado Livre de Energia
“Continuo otimista e apostando no mercado livre para que, um dia, ele possa chegar a todas as casas”. De acordo com Paulo, a tendência neste ano vai ser o aumento da migração de clientes para o segmento. Além disso, também a continuidade da diminuição do limite de entrada, capaz de atender consumidores de menor tamanho; que precisam de mais gestão do seu fornecedor de energia, e com estrutura empresarial menor, por exemplo. “O mercado tem que estar preparado para receber e trabalhar com esse novo perfil que vai chegar ao mercado livre, principalmente no pós-pandemia, em busca por economia de energia em suas operações”, afirma.
Aprovada MP que pode amenizar impacto do reajuste da tarifa
Entre as diversas agendas em tramitação no Congresso e no Senado, que vão poder representar o aumento do mercado livre, Luiz Barroso, CEO da PSR, abordou a MP 998 no Giro Energia. O Senado aprovou a medida provisória que transfere recursos no setor elétrico para permitir a redução de tarifas de energia. A MP 998/2020 foi aprovada na forma de um projeto de lei de conversão que veio da Câmara dos Deputados (PLV 42/2020) e segue para sanção do presidente da República. Essa medida provisória perderia a validade se não fosse votada até o dia 9 de fevereiro.
Na avaliação de Barroso, a aprovação da MP 998 é um ótimo sinal. “Ela tem uma pauta tarifária importante. No entanto, não se trata de organização do mercado, também relevante, na medida em que ela disciplina o fim dos subsídios”.
Sobre a PL 232, que pode mudar o modelo comercial no setor elétrico, a janela de votação deveria ser ainda neste ano na avaliação de Luiz Barroso. “Essa é a última oportunidade que o governo vai ter para passar essas medidas legislativas de maior necessidade e, por consequência, de maior impacto. Essa blitzkrieg deve ser feita nesse ano. Ela vai exigir não só uma disciplina conceitual, como de narrativa e comunicação, e a demonstração de que essa pauta agrega valor efetivo para a estrutura microeconômica da sociedade, o que permitiria ao Brasil crescer com mais organização no setor de energia”, explica.
Essas e outras abordagens feitas pelos especialistas estão no Giro Energia! Ouça agora: “O que esperar de 2021 no mercado livre de energia?”