O que é sazonalização de energia no Ambiente de Contratação Livre?

Fabiane Rissi
  • 01/10/2021
  • 5 min de leitura

Chegamos ao último trimestre do ano e com ele, estratégia, planejamento e orçamento são assuntos corriqueiros nas empresas. Portanto, este é o momento de definição dos planos de produção e de faturamento das áreas. Assim também, é necessário definir o que chamamos de sazonalização de energia no Ambiente de Contratação Livre (ACL). Mas afinal, você sabe o que é sazonalização de energia?

A sazonalização é um processo que visa alocar mensalmente um montante anual de energia elétrica. Agora, continue a leitura para entender melhor esse conceito do ponto de vista do consumidor livre, do gerador e do autoprodutor de energia elétrica.

O que é sazonalização de energia para o consumidor livre?

Os consumidores livres possuem contratos firmados para compra de energia no longo prazo. Ou seja, muitos desses contratos têm vigência de três, cinco anos ou até mais tempo. Nesse sentido, o objetivo da sazonalização é promover a adequação do volume de energia contratado ao perfil de consumo esperado para o ano seguinte. Dessa forma, diminui-se o risco de exposição ao Mercado de Curto Prazo (MCP) no âmbito da CCEE.

Habitualmente, realiza-se esse processo com base no histórico de consumo dos anos anteriores. A partir desse histórico, busca-se, da melhor forma possível, definir um padrão de sazonalidade. Empresas da indústria farmacêutica, por exemplo, tendem a consumir mais energia no verão, visto a necessidade de manter os medicamentos refrigerados.

Outros pontos a se considerar na hora da sazonalização de um consumidor livre são:

  • o planejamento de paradas de produção para manutenção;
  • a previsão de acréscimo de carga – com a aquisição novas máquinas, por exemplo;
  • possíveis flutuações na demanda de produção da empresa.

Enfim, todas essas informações são importantes para a tomada de decisão no momento da sazonalização dos contratos de energia.

Outra opção do mercado livre de energia para o consumidor é a alocação estratégica de energia. Ou seja, realizar a sazonalização de modo a destinar as sobras de energia para um determinado período do ano, cuja expectativa de preço seja maior. Nesse caso, o objetivo é majorar o resultado com cessões de energia (vendas). Em contrapartida, para esse tipo de operação existe um maior risco associado.

E para o gerador?

Para o gerador é necessário avaliar dois contextos: Sazonalização de Energia para fins de Lastro e para fins de MRE (Mecanismo de Realocação de Energia). Em seguida, entenda melhor cada um deles.

Sazonalização de energia para fins de Lastro:

Uma vez que a garantia física para fins de lastro representa o montante limite de energia que um gerador pode comercializar, essa sazonalização está diretamente ligada à estratégia de venda do gerador. Portanto, nesse processo, é necessário analisar os contratos firmados e distribuir a garantia física (GF)* em montantes mensais. Esses montantes precisam ser suficientes para atender à curva de distribuição dos contratos de venda. No entanto, caso o agente tenha sobra de GF negociada para o ano seguinte é possível criar estratégias para maximizar o resultado na negociação deste montante.

*Garantia Física: determina a quantidade de energia que um equipamento de geração consegue suprir dado um critério de suprimento definido. Ela é uma métrica importante para a adequabilidade da oferta do sistema e é utilizada para dois fins fundamentais no Brasil: a garantia física define a quantidade máxima de energia que um equipamento pode comercializar e, no caso das hidrelétricas, define sua cota de participação no Mecanismo de Realocação de Energia.
Fonte: EPE

Sazonalização de energia para fins de MRE:

Usinas hidráulicas participantes do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) devem sazonalizar a GF para fins de lastro. Além disso, essas usinas também precisam sazonalizar sua GF para fins de utilização no MRE. Neste processo, é a usina que define sua cota de participação no MRE para o ano seguinte.

Nos últimos anos, as usinas podiam sazonalizar a sua GF de acordo com suas estratégias de comercialização, sempre respeitando o limite de sua Potência Instalada. No entanto, a partir de 1º de janeiro de 2022, essas usinas deverão sazonalizar sua garantia física respeitando o intervalo de 80% a 120% da geração média mensal dos últimos cinco anos de todas as hidrelétricas participantes do mecanismo. Essa metodologia está estabelecida até 31 de dezembro de 2026, representando um período de transição. A partir de 2027, as usinas participantes do MRE deverão seguir obrigatoriamente a curva da geração média mensal das usinas hidrelétricas do mecanismo, dos últimos cinco anos.

A sazonalização para o autoprodutor

Para o autoprodutor, existe uma mistura de dois cenários: o do consumidor e o do gerador de energia. O autoprodutor deve avaliar a sua curva de consumo de energia prevista para o próximo ano. Depois disso, ele precisa sazonalizar sua garantia física para atendimento prioritário do seu consumo. Porém, caso a autoprodução aconteça a partir de uma usina hidráulica participante do MRE, o autoprodutor também precisa realizar a sazonalização da GF para fins de MRE.

Parece complicado à primeira vista? Mas nós, como gestores especializados no setor, temos expertise para apoiá-los nas melhores decisões, sempre com o objetivo de buscar energia com inteligência e rentabilidade para o seu negócio. Então, se você tiver alguma dúvida sobre o que é sazonalização de energia ou quiser uma consulta para saber como fazer o seu planejamento, fale conosco!

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